Uma estrada sem fim a cortar toda a espetacularidade da uma vista, nas suas bermas andam crianças com destino à escola…”onde é a escola? Longe!” Todos os dias, vejo crianças a andarem centenas de metros senão kms à chapa do sol para irem ter meia dúzia de horas de aulas…custa ver? Custa! Mas também se olharmos com atenção para aquelas caras o que se vê é um sorriso, é uma conversa num grupo de amigos, é sair uma musica daquelas bocas, é um olhar querido, é um aceno de mão sentido…enfim…
…Que misto de sensações que pairam na minha cabeça...tenho andado a perceber que de facto tudo na vida tem dois lados.
Será que se África passa-se de um continente repleto de países em desenvolvimento para um continente desenvolvido a musica teria tanta energia e ritmo? Será que as pessoas continuariam a ser tão generosas, calorosas e amáveis? Os momentos de convívio a seguir ao almoço debaixo de uma árvore desapareceriam? A ingenuidade das crianças permaneceria intacta? A luz do pôr-do-sol seria a mesma?
As ruas estão repletas de “brancos”, de carros com ONG escrito em autocolantes com as cores de cada organização…mas será que é justo e faz sentido querermos mudar tudo isto?
Vim para ajudar a dar uns passos na saúde oral deste pequeno país, dei por mim muito pequenina nesta imensidão de verde, mas se querem saber: Ainda bem… ainda bem que não consigo mudar o mundo…o nosso globo é mágico por todas as diferenças que tem, umas boas outras más e claro que apetece agarrar nas más e torná-las boas mas certamente que deixaria de haver pessoas a dançar na rua, musica a cada esquina, os mil bons-dias que se tem de dar quando se sai do quarto, os abraços das crianças, os olhares meios desconfiados mas muito carinhosos…as pequenas mudanças são importantes de modo a dar uma melhor vida à população mas é bom não conseguirmos o mundo na sua totalidade!
Minha pequenina......como percebo...
ResponderEliminar"Tal como a própria vida, que não se repete quando termina, também cada dia em África pede para ser sorvido como se não houvesse outros. Sei porque me sinto tão sensível, tão vivo: porque este continente restitui ao europeu a sua fragilidade de grão de areia perdido no deserto da eternidade. É uma descoberta. Uma vertigem."
Se te acalmar, posso dizer-te que penso que estás naquele que acho o caminho certo...quem somos nós para mudar seja o que for...somos mais felizes? mais correctos? É o equilibrio delicado...e a sustentabilidade e a amplitude da mudança que queremos operar deve ser sempre uma preocupação...Enquanto ainda somos pequeninas nisto acho que nos resta mesmo tirar o sofrimento que pudermos e ensinar o que soubermos....
Quanto aos sorrisos, à música, aos "bom dia", aos caminhos para a escola, ao respeito pelo verde...
De certo temos tanto, tanto, tanto para aprender! Absorve!
Força Dra/Profª Mafalda! :) Gosto muito de ti!
Joana