segunda-feira, 23 de abril de 2012


Apetece-me escrever sobre tudo o que tenho vivido e pelo que a Guiné-Bissau tem passado, até porque a mãe e Kika disseram que seria uma boa ideia, mas tem-me parecido uma missão impossível por não perceber bem o que se passou, o porquê, a gravidade da situação e por eu própria não chegar a um consenso comigo própria: estamos calmas ou não miúda? Voltar ou não voltar? Tenho medo? Nervosa? Tensa?



Voltando atrás...12 de Abril de 2012...

Estava eu na nossa sala/cozinha, as 19.30 depois de um dia normal de trabalho, quando a Marcela chega e avisa-nos que algo se passa... Um senhor tinha passado por ela na rua e pede-lhe que vá para casa porque vai passar-se algo grave. Ela vem e transmite-nos o recado, a partir dai os telefones não param de tocar e as noticias na Internet não param de nos apresentar uma situação invulgar e provavelmente caótica: militares armados por Bissau para capturar o primeiro ministro (e candidato à presidência). Quer dizer... invulgar 100% não, pois em Dezembro tinhamos passado pelo mesmo, mas as noticias eram “ligeiramente” mais dramáticas...
Nós, pela Casa Emanuel, não nos apercebemos de nada pois estamos ligeiramente longe do centro da Capital portanto não largamos a Internet e os telefones. Um dos telefonemas foi a avisar para ter saldo no telemóvel, ter comida e agua em casa, uma mochila preparada com alguma roupa e precauções! Eu e Nuria demos por nós sem saldo e que nem flashes fomos a correr à taberna aqui da frente comprar um cartão...uiii que medo, mas estávamos protegidas pelo segurança e no fundo não era grave os 5 metros que tinhamos que percorrer haha foi a adrenalina a dar sinais da sua existência!!
Como não poderia deixar de ser, desde esse dia até hoje não há outro tema à volta de uma mesa e como é óbvio o jantar desse dia foi cheio de especulações, recheado de interrogações e com uma pitada de nervosismo. As noticias na Internet não paravam e sempre com más informações: o que vai ser de nos? Deste pais? O que se está a passar? E porquê? Tiros? Raptar o primeiro ministro? Nada nos parecia real, nada parecia fazer sentido...ou por outro lado, sabíamos que estávamos numa fase menos tranquila com as eleições mas daí a vivermos um Golpe de Estado?! Não estávamos preparados nem tão pouco conseguíamos encontrar respostas para as nossas perguntas.
Na sexta, eu e Nuria, acordamos bem cedo para ver se a situação do orfanato estava normal ou se teriam faltado algumas trabalhadoras, graças a Deus, tinham ido todas, algumas um pouco atrasadas devido ao pouco movimento dos toca-tocas e táxis mas pouco a pouco chegaram. Tomamos o pequeno-almoço e fomos para o Hospital, ainda achei  que ia ter poucos doentes, mas não, tivemos uma manha quase normal, que acabou por ser estranho – quer dizer esta malta viveu uma noite terrível e vêm à mesma ao dentista? A resposta estava no facto de uns estarem com dores de não dormirem há não sei quantas noites e por outro lado, infelizmente, é um povo que já esta habituada a este tipo de situações.
Quando cheguei ao refeitório, para almoçar, avisam-me que Portugal já tem um grupo de militares alerta para o casa de ser necessário uma evacuação, noticia vista de manha na televisão, eu ai confesso que o forte que me estava a sentir demorou um pouco e comecei a ficar nervosa, a situação seria grave mesmo?! No meio deste nervosismo telefonam-me de uma estação de radio portuguesa, para a qual dou uma pequena entrevista em que transmito o que me disseram e o que tinha visto na Internet e explico que as noticias têm que ser bem dadas, porque no dia antes as noticias em Portugal tinham sido demasiado alarmantes mas eles conseguiram dramatizar um bocado a entrevista e no fim desse dia tive pessoas a porem-me tensa com a noticia, que falei de mais, se não tinha medo de ter dito o que disse o que me pôs ainda mais nervosa, já não me bastava o dia que tinha tido ainda me sentia mal pela entrevista mas pronto... e mesmo em relação a pergunta se voltaria para Portugal ou não, foi respondida a frio e sem emoções, ou seja, é um facto que tenho 150 crianças a viverem debaixo do mesmo tecto que eu, nunca seria fácil deixa-las, pensando que as trabalhadoras deixavam de ir e que a situação podia ser complicada de gerir no orfanato e se me dessem a opção de ir ou ficar acho que optaria por ficar mas se me telefonassem a dizer que tinha de ir para Portugal porque a situação estaria descontrolada eu iria... mas talvez não fosse tranquila nem de consciência limpa!
O f.d.s seguinte era de trabalho numa ilha com o resto da malta de saúde (e não só) da casa Emanuel mas como é óbvio deixou de o ser e ficamos por aqui, agarrados à Internet, em alerta para o orfanato e crianças. Acabou por ser um momento de união, de apoio aqui pela Casa mas também o consegui sentir de muita malta portuguesa que conheço por Bissau, telefonemas, mensagens, preocupações, um simples ola e se esta tudo bem. Como é óbvio neste tema é de realçar o ponto MÃE haha coitadinha que sofrimento, a mãe galinha que sempre foi passou para um galinheiro inteiro e a partir dai temos falado todos os dias porque estranhamente a Internet tem estado óptimo desde essa quinta-feira, blog fazivel, conversas no skype óptimas, menos uma preocupação já que se as comunicações se cortassem era mais uma chatice... como tranquilizar quem esta do outro lado? Mas como é óbvio consigo perceber o lado da mãe e ate me sabe bem falar varias vezes por semana assim sempre penso noutras coisas! Gosto muito de si boneca :D Ao lado da mãe tenho o resto da família, amigas da mãe, alguns amigos meus sempre a apoiarem a senhora e também a darem-me força! A mãe ainda organizou uma conversa via skype com a mãe, Kika e Catarina que foi tão bom, falar do casamento da Kika, da vida da Catarina, algumas coscuvilhices, foram 2h de pura lufada de ar fresco! Ah e por sorte na quinta de manha tinha ido buscar uma encomenda da Tia Leonor, Tio Pedro e prima Leonor (que ainda pensei ir buscar na sexta... tive um anjinho a falar ao meu ouvido de certeza!) -  amêndoas!!! Mas quando eu digo amêndoas, digo milhões de amêndoas, eram muitos sacos... têm-me dado tanto apoio físico como emocional hahaha!! E sempre deu para espalhar alguma magia pelos missionários :D
Foi uma semana de puro suspense, do que se ira passar, de constante busca de noticias... foi uma semana de pouco trabalho, que passou muito devagar, aqui parece sempre que é sexta, mas esta semana quando deveria ser sexta ainda era quarta! No meio disto tudo um sentimento de claustrofobia começou também a invadir-nos já que não se podia sair de casa à noite (ainda agora não convém), os bancos não abrem, as fronteiras aéreas e marítimas estiveram alguns dias fechadas, voos da TAP cancelados. Lado a lado também se sentiu um ambiente pesado e de medo nas ruas, nos primeiros dias em Bissau, havia muito pouca gente e houve muitas familias que acabaram por sair da capital...
Aproveitei, então, para estar mais no orfanato, brincar com a criançada, buscar novos projectos, porque entretanto há muita escolas fechadas e o facto de não poder ir para muito longe fez-me procurar novas ideias... confesso que sem muito sucesso, foi uma semana pouco produtiva mas pronto acontece a todos, não?! I hope so!      

Durante estes 10 dias muitos sentimentos passaram por este corpinho! Tive medo quando não parava de ouvir aviões (vindos de não sei onde, para fazer não sei o que) a noite toda, por vezes uns tiros completamente descontextualizados e solitários, mas nunca senti que não estava segura!! Fiquei triste quando percebi que os meus amigos Manel e Ana poderiam não vir cá. Senti muito receio pelo orfanato. Senti pena por este povo, agora que estavam a melhorar a sua economia, que já tinham uns anos de tranquilidade têm este Golpe de Estado que pode fazer com que ande vários passos para trás. Senti revolta por perceber que é um povo pacifico, calmo, que so quer tranquilidade e esta foi destruída por razões alheias a ele. Sentimento de constante interrogação: como ficara este pais depois do dia 12 de Abril de 2012?  

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Gambia

Porque a Gambia? Não sei! A Nuria tinha este desejo de ir e nos, Sara e eu, alinhamos! E porque não ir no f.d.s de Pascoa onde poderiamos apanhar  a sexta-feira Santa e so faltariamos a um dia de trabalho? Perfeito!

Tinhamos de fazer o visto, perceber bem para onde iriamos, pedir algumas directizes e estavamos prontas porque vontade não nos faltava!
Na sexta acordamos as 5.30 (auch!), aprontamo-nos, fizemos a merenda e as 6 estavamos prontas à espera do nosso amigo Domingos que nos levaria à paragem dos transportes para Ziguinchor (Senegal) – ou sete place (carrinha) ou candonga (uma vanete).
O Sr Domingos apesar de ter recebido um telefonema meu às 5.30 so apareceu as 6.40... a minha paciencia para pessoas não pontuais é pouca, muito pouca mas pronto pagamos-lhe menos e passou haha que maldade, mas tinha mesmo de ser.
Chegamos à paragem e fomos invadidas por homens a quererem-nos chamar para o seu meio de transporte, entre algumas indecisoes la decidimos ir de candonga que apesar de possivelmente demorar mais alguma tempo era mais barato e mais comodo.

Apesar de algumas paragens para controlo, a viagem foi muito tranquila, fez-se muito bem ate Ziguinchor, onde teriamos de apanhar novo transporte. Nova confusao, novas indecisoes e por fim uma rapariga que nos ajudou a tomas uma decisão e a não sermos “xuladas” e sim a pagarmos a quantia certa. Entramos numa 7 place (tipo carrinha Citroen antiga baixa) e mandaram-nos para os bancos do fundo, onde tinhamos as pernas completamente encavalitadas e os joelhos so nao nos batia na cara porque tinhamos as mochilas no entretanto, as janelas era protegidas por um pano preto, ou seja, parecia uma carrinha mortuaria e nos seriamos as mortas e para ajudar à festa o Senegal é perito em paragens e controlos obrigando-nos a sair para ai 10 vezes em todo o trajecto, acção nada facil, quase que saiamos a rebolar! Haha ja não havia posição e ja nem tinhamos vontade de rir... Grave!!! E nem havia um espacinho para vermos a vista, o caminho, para apanhar ar, sei la...nada!
Chegadas à fronteira do Senegal, depois de vistorias etc era altura para trocar dinheiro...uuiii nao fizemos contas e estavamos tao cansadas que essas mesmas contas pareciam-nos impossiveis de realizar. Depois de milhares de homens a nossa volta, do motorista ter começado a andar com o carro sem nos la dentro era hora de nos despachamos... no carro feitas as contas tinhamos sido “roubadas” eu em 3 euros e a Sara em 25 €... Uns metros à frente na fronteira da Gambia, depois de mais um controlo, um rapaz chega-se a nos a fazer conversa beca beca e eu fula digo que não, não estamos nada bem, que acabamos de ser assaltadas, ele fica boqueaberto e estava pronto para ir reaver o dinheiro. A Sara ja nao estava nem ai, mas eu e Nuria queriamos voltar para tras com a ajuda de Buba, e assim foi, ele chamou um amigo que pegou no seu carro, em nos e la fomos. Perguntaram-nos se reconheceriamos o rapazito, mas o mais provavel seria que nao... Encontramos o que me tinha trocado que rapidamente me deu o dinheiro enquanto Buba corria as casas a procura do outro com ajuda de mais uns capangas, descobrem o pequenote que se poe a milhas e decidem entre todos dar o dinheiro que faltava... olahhh!!! Pois, se foi teatro ou se realmente eles estavam chateados com a situação nao sei mas o dinheiro ja ca cantava e agora sim vamozimbora para o nosso hotel!
Apanhamos uma nova sete place que nos deixaria numa paragem onde teriamos de apanhar outro transporte mas como a sorte nos começou a sorrir o senhor foi deixando as pessoas pelo caminho e levou-nos ao nosso destino, nao fazia ideia onde era, fomos ter a mil hoteis, sempre a ver o mar “ali mesmo ao fundo” mas nunca era o nosso Golden Beach Hotel, raios...depois de uma hora la encontramos!! E que surpresa, tinha optimo aspecto mesmo!
Mal pomos um pé, pedem-nos mais 20 dolares pela cama a mais, ao qual eu com o meu mega ingles respondi, indignadissima com a recepção, que ja tinhamos feito o pagamento pela internet e que ja tinhamos pago pela cama extra e que era bom que a coisa ficasse por ali, que ja estavamos podres, se nao, iamos embora. No entretanto, chega um grupo de portugueses que eu conhecia da cooperação portuguesa haha que coicidencia, na Gambia e no mesmo hotel? Que graça!
No fim de tudo, chegamos ao nosso quarto! Que bom aspecto, que confortavel, tinha coisas que ha algum tempo não via, televisao, sofas e...oi...como é que não me lembrei disto?? Tera agua quente?! Fui a correr a casa de banho e encontro uma grande banheira, com um mega chuveiro e...AGUA QUENTE!All right :D
Abrindo a porta de tras, tinhamos a nossa espera um jardim interrompido por uma piscina e como cenário a praia... que paraiso! Tinhamos so reservado uma noite mas era certo que iriamos ficar ali as 3 noites.







Foram dias de praia, piscina, conversas, longos sonos, leituras, fotografias, gargalhadas, jantares com o resto da malta...enfim umas verdadeiras férias!
Eu fazia questao de ficar com aquele friozinho de fim de tarde de praia para depois me meter no banho de agura quente...e isso custou-me uma gripe de 2 dias de cama, mas valeu TAAANTO a pena!
Uma tarde fomos passear acabando num mercado mas que era igualinho aos de Bissau e outra tarde elas foram a um parque natural mas eu estavada entreleçada no meu livro e fiquei na piscina a ler, quase que choveu mas soube-me a mel!










Um certo dia xalalaa o que encontramos??! Macacos à porta do nosso quarto!! Amazing!



Para voltar combinamos com o motorista que nos tinha ido buscar, para estar as 10 no hotel e não é que estava mesmo? Brutal!
Na fronteira encontramos outro grupo de 8 ora portugueses, ora espanhois, ora americamos e ficamos os 11 juntos na odisseia que seria a volta. Viemos numas camioneta á pilha ate Ziguinchor a para aí 40 km/h mas sempre deu para ver a vista, falar, ouvir musica, tirar fotografias que á vinda não tinhamos tido oportunidade... e depois apanhamos uma carrinha grande que deu para nos e mais 3 pessoas e fez-se a viagem muito bem, com muito menos paragens, ja com uns espirros à baila e tal mas muito tranquila ate que chegamos a Hafia, ao nosso bairro!

















Viagem optima, praia que parecia a costa da caparica, piscina muito buena e companhia 5 estrelas


Nota: tudo o que ouvirem soubre Gambia ser um pais de puro turismo sexual (desculpem a frontalidade mas é assim mesmo) é verdade! Nos os primeiros dois dias fomos jantar fora mas o ultimo as tantas ja nao fizemos questão... brancos/brancas mais velhos/velhas à procura de novinhas/novinhos mas descaradamente... chocava um bocado... não rende acabar neste desespero...acho!

Tabanca de Djati

Tudo começou em Dezembro/Janeiro quando o Juan me chama para falar de um projecto que tinha em mente: Esperança e Saúde para a Guiné-Bissau cujo objectivo era levar cuidados de saude onde não os há! Como é obvio o meus olhos brilharam e beberam cada palavra que ele disse. A meio do seu discurso eu disse logo que sim, que alinhava em ir com ele e com o resto da equipa formada no principio também pela Flavia. A primeira campanha seria marcada para Março, ainda estava longe mas estava numa pilha para ir.

Na quinta dia, 22, fazer o caixote com o material que iria precisar e sexta toca a esterilizar o material todo e a por em caixas! Saimos por volta das 4, com destino a Quebo, onde a nossa espera tinhamos Fredy, Raquel (enfermeira) e o seu filho Lucas. No nosso carro ia Maritza, missionária, Juan, missionário e enfermeiro, Flavia, missionária, Djalo, mecanico, Jeremias grande apoio da Casa Emanuel e eu, médica dentista.
Passado 1h de viagem, o carro aqueceu, e fomos a uma casa perdida no meio da densa vegetação pedir água. Não nos lembramos que o poço poderia estar vazio porque não nos passou pela cabeça e porque não houve sequer hesitação das crianças que por ali brincavam. Depois de atirarem o balde para o poço é que percebemos que de facto estava a secar, é impressionante, esta gente dá o que tem e o que não tem. Era uma familia muito querida e prestavel, acabando a Flavia por dar um pão a cada um deles, que ficaram radiantes.





O caminho fez-se muito bem ate Quebo. Jantamos, tomamos banho, vimos uma quipa portatil de medicina dentária que eles tinham e por fim deitamo-nos (muito querido o Lucas ofereceu o quarto dele) pois o dia iria começar as 6 da manha!
O despertador tocou as 5.30 OH MY GOD!!! Tomamos o “mata-bicho”, arrumamos tudo e estavamos prontos para mais 3h de caminho ate Djati.
















Tabanca essa onde Fredy e Raquel têm vindo a desenvolver um optimo trabalho mas são os unicos, não ha ONG’s, brancos, taberna que venda coisas, não há nada, so eles, o arroz, as suas casinhas, arvores, rio e agora, uma nova construção, que virá a substituir as salas de aulas feitas de ramos de arvores.
A nossa chegada foi diferente do normal, sim aproximaram-se do carro mas para ver, para esclarecer a sua curiosidade e nao para pedir nada... estranhei confesso. Que sãs aquelas crianças!



Montamos, na futura escola, uma clinica provisória! De uma lado Raquel e Juan a dar consultas, avaliando tensão arterial, HIV, fazendo curativos, no fundo, a consultar tudo o que aperece-se e do outro lado eu, com uma cadeira portatil e com todo o material necessário.
De manha trabalhamos cerca de 3h, almoçamos, uns descansaram e outros (eu e Flavia) fomos passear pela tabanca, que rico passeio!! Ainda tirei agua do poço onde estavam tres crianças a trabalhar Dino, Nina e Isabel super alegres. A meio do passeio a Isabel veio a correr para me oferer cabaceira (um fruto de ca que faz um optimo gelado!).













As 4h voltamos a trabalhar, debaixo de um calor um bocado mais quente que o de manha! Eu trabalhei ate as 7 porque sem luz do dia é muito dificil mas a parte da enfermeiria ainda continuou ate as 8.30 (resistentes!!). Depois de 6 horas de trabalho vi 20 doentes, extrai 12 dentes também nao dava para muito mais visto que o material esterilizado estava a escassear.








No fim, comemos todos, equipa de trabalho mais a malta que ajudou a organizar toda a dinamica, à luz de lanternas. No fim do jantar fomos chamados a atenção por um grupo de crianças que se pos a volta de uma grande fogueira, o grupo ia aumentando mas o silencio mantinha-se até que começam todos a cantar: era a hora de rezarem! Foi bonito mesmo, sem luz artificial, so das estrelas e da fogueira, sem sons de fundo, so eles a cantarem. Não consegui tirar os olhos das estrelas e da fogueira até que saltaram para cada criança, agradecendo o momento que estava a ter!
O fim do dia estava cada vez mais perto, e de facto o cansanço ja pesava e o corpo ja pedia repouso e assim fomos todos nos deitar, bem alegres, posso dize-lo.



No dia seguinte ainda pensei tomar um banho mas sem sucesso, enfim, havia toalhitas!
Tinhamos de sair cedo para a populaçao não começar a aproximar-se e tornar mais dificil a nossas partida. Ao fim da manha ja estava tudo arrumado e pronto para irmos mas sem antes a Mafalda brincar um bocado à apanhada com a criançada e tirarmos a fotografia de grupo.





Confesso que me custou muito a despedida e fiquei com uma vontade imensa de voltar, trabalhar mais, entregar escovas, por fluor, enfim fazer mil coisas que sei que posso fazer mas que não tive tempo e quando vejo os f.d.s que ja sao tao pouco...ai...mas quero voltar!
A volta foi feita com tranquilidade, com paragem em Quebo, um mergulho no rio em Buba e ainda para ir buscar os porcos para o casamento do Jeremias! Chegamos à 1 da manha e ainda tivemos de ir por o material para esterilizar haha podre? Sim! Radiante? SIM :D







Esta tabanca vive noutra realidade, nao de Africa, mas da nossa. Não ha nada de tecnologias, ha um ou outro gerador, não ha lixo porque também nao compras possiveis, não ha plasticos no chão e ainda vivem sobre regras familiares e de casamentos que nem nos passam pela cabeça e quando são contadas e relatadas nem queremos acreditar...que realidade diferente. Um dilema mesmo porque acho optimo viver-se na simplicidade maxima e sem se estar preso a futilidades mas por outro lado com esta vida estao agarrados, sempre, os “senãos” da vida das raparigas destas tabancas, que ou são violadas, ou casam com 12 anos ou outras coisas que nem queremos ouvir mas que infelizmente existem... Tudo em Africa é vivido com sentimentos duplos e que normalmente estão em lados opostos.