quinta-feira, 2 de agosto de 2012

The End


Bem sei que ja estou em Portugal portanto o texto ja não é “made in guinea” mas vou descrever as últimas semanas que sei que estão em falta  e aposto que estao super curiosos ;)

1)  Clínica – a Mami foi para a Costa Rica e eu a ter que ficar sozinha. Ja tinha estado algumas vezes mas sabia que se precisasse a Mami ou estava a dar consultas de pediatria ali ao lado ou viria no dia seguinte, mas agora nao, responsabilidade a 100 %. Houve uma calma que se apoderou de mim, calma essa que nunca tinha sentido a entrar naquele consultorio e foram manhas optimas de trabalho. Sem dificuldades, tudo a correr muito bem! Mesmo as crianças que normalmente sao as mais complicadas foi tranquilo... hehe nice!!! Foi um grande final e ainda tive doentes a dizerem que queriam que fosse eu a continuar a tratar deles... acho que foi um bom feedback!


2)  Trabalhos fora

2.1) Gambasse – a Nuria tinha de ir a uma tabanca perto de Bafata para ver umas crianças e eu alinhei em ir com ela. Passear, fazer companhia sim mas por que nao fazer algo mais? Extracções achei melhor nao porque não ia nenhum enfermeiro comigo mas fazer fluor às crianças era uma boa ideia! Isto de uma fisioterapeuta e uma dentista trabalharem juntas nunca passou na cabeça de ninguem, mas la que correu bem, correu!
Na sexta fomos dar uma voltinha á noite, sabado piscina e concerto e domingo acordar as 7.30 para 2 horas de viagem em sete place. Foi chegar e mil crianças atras de nos, muito queridas mesmo, é optimo termos estas recepçoes.
Comecei por uma pequena acção de sensibilizaçao e a meio, digo baixinho á Nuria, que estupidez nao ter trazido escovas (tinha ainda umas escovas para dar que estava a guardar para o sitio mais necessitado que ainda viria a visitar) e nao é que um dos rapazes que nos estava a ajudar diz que tem umas escovas guardadas dadas por uma organizaçao que trabalha la? Brutal!!! O efeito surpresa da Guine Bissau nunca deixa de nos supreender.
E assim foi, fluor, com entrega de uns livrinhos de saude oral, de um lapis, de um pin de jogadores de futebol (levados pela Nuria) e entrega de escovas! E Chegamos às..........100 crianças!!!











2.2) Ilha de Pecixe –quando cheguei á Casa Emanuel faltava um missionário... onde estava? A tratar de fazer crescer uma Igreja na Ilha de Pecixe! Desde aí que fiquei curiosa com a ilha e desejosa de la ir dar uma maozinha. Os f.d.s foram passando e as oportunidades também, achei que nao ia até que entre varias comunicaçoes com o Joao (missionário responsavel pela Ilha), Juan e Flavia chegamos a uma data: o meu ultimo f.d.s. E agora? Ficar por Bissau para despedidas? Ir para um ilha aproveitar um grande sol? Ou dar cordas aos xanatos e ir para a ilha? A resposta acabou por ser obvia: Ilha here we go!
Optou-se por eu fazer colocação de fluor e entrega de escovas porque o material de extracoes seria mt pesado para todo o percurso a ser feito: toca-toca, barco (va barquiiiinho) e ainda a possibilidade de ter que andar 3h a pé caso não apanhassemos nenhum carro a sair do pequeno porto (va beira mar!)
Foi um f.d.s mesmo brutal! Numa Ilha onde nao há “o branco pelele”, geradores são muito poucos, dependentes totalmente dos barcos e do que chegava... e com a chuvas como é que é? Pois complexo... e isso tambem estava a por em risco a nossa viagem! As pessoas são extremamente simpáticas e aventura foi a palavra chave!
Acabei por entregar 100 escovas e por fluor em 100 bocas, o Juan viu 200 pessoas com a ajuda da Flavia e o Joao levou sapatos para distribuir! Ah e ainda fiz 5 extracções urgentes ;)
É tudo muito giro e preenche-me muito maaaaaaaaaaas chegar á cama e ouvir um grrr grrr debaixo da cama não é cool!! Adormeci com os phones, quando os tirei, senti a cama a mecher e um barulho super desagradavel, liguei a lanterna e vim uma ratazana enormeeeee  (mesmo que nao fosse, o nosso subconsciente nao ajuda nestas alturas!!), chamei pelo Juan e Flavia que dormiam no quarto ao lado que disseram que ja tinham percebido e ora eu ligava a lanterna e ela fugia para o quarto deles ou ela fugia para o meu quarto para escapar á luz, soluçao: luz a noite inteira! Percebi que sou uma medricas!! Achei que o querido ratinho estava dentro do meu colchão hahah drama queen, i know!!
No dia seguinte, pusemos veneno e obstaculos nos buracos. Ele andava por lá porque ouvia-se a tentar sair mas nao o vi no meu space e no dia seguinte estava um mortinho na fronteira dos nossos quartos... nao tive pena confesso!
















3)  Despedidas... muito dificil transmitir toda “panoplia” de sentimentos... não adoro dizer adeus, sou mais apologista do “ate ja”, mas neste caso tive que assumir que nao ir voltar e tentar passar rapido as despedidas para nao custar!
Na quarta foi com a malta amiga de Bissau!Nuria&Me, decidimos juntar tudo no jogo Portugal Espanha para dizer um adeus também disfarçado e foi uma noite bem animada!
E quinta foi dia de jantar despedida com os Missionário da Casa Emanuel... fizeram tanta coisa que nos gostamos, foi mesmo bom estarmos ali todos juntos!

4)  Ultimos pensamentos que encontrei escritos para aqui:
"Os meus pensamentos voam à volta do meu regresso. Do que vou viver em Lisboa e o que deixei para tras em Bissau. Estes 9 meses foram uma fase da minha vida e todas as fases têm de facto um The End e nao estou minimante revoltada com o fim, a vida é assim mesmo e é bom que o seja mas esta-me a assustar o voltar.
Porque? Não sei. Não sou miuda para me assustar! Simplesmente sinto que tudo vai ser diferente...
Os vestidos coloridos das mulheres vão dar lugar à roupa escura executiva de quem anda na rua. Em vez de passeios cheios de gente a vender fruta, pão, roupa encontrarei passeios que corridos pelos passos das pessoas apressadas e bancos do jardim. Os taxis só têm um destino. Em vez do toca-toca, carrinha do Mundo a Sorrir tenho a minha mota. O acordar com as crianças sera substituido pelo toque irritante do telemovel. A minha casa passa de 200 pessoas para 2. A ventoinha e repelentes deixarão ser os meus melhores amigos. O skype vai deixar de ter tanta importancia... tanta coisa diferente mas nao acho que seja isso que me assusta.. entao o que é?"

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Trabalhando pela Guiné fora


Estas semanas têm continuado com muita acção aqui pelo clínica maaaaas estava a faltar o trabalho fora da Casa Emanuel que eu tanto gosto de fazer ora então:

1)   Continuei pelo Hospital de Cumura mas desta vez na ala da lepra. No primeiro dia comecei com uma breve sensibilização para os 11 doentes, com entrega de escovas, pastas e colutorios e um pequeno rastreio para, assim, na semana seguinte puder realizar tratamentos (exodontias) mais urgentes e que estavam a causar dor. De facto um doente que já tem bastantes dores pela sua condição ainda sofrer dores de dentes... não há direito! Então vamos la ajudar um pouco estes queridos pacientes e ainda por flúor a duas crianças que também estão internados













2)   Depois de um almoço em Bissilanca, na Casa Emanuel de Biombo, que ainda esta em construção, foi altura de pegar no grupinho de 10 rapazes e falar com eles sobre a escovagem, entregar escovas e fazer um rastreio





3)   Mais uma acção de sensibilizaçao mas desta vez apenas com 8 “ouvintes”, mas como eu penso sempre mais vale um que nenhum! Correu bem e divirto-me sempre




4)   A Guine-Bissau com o poder que tem de colocar as pessoas certas no nosso caminho apresentou-me um dos casais mais queridos do Mundo , Raquel e Fredy. Já tinha trabalhado com eles na Tabanca de Djati mas agora estava na altura de ir trabalhar na terra da sua missão – Quebo. Raquel é enfermeira e está a frente de uma pequena clínica situada no centro de Quebo e preparou tudo para eu e Nuria (fisioterapeuta) trabalharmos sábado e domingo. Sábado acordamos as 5 com a ideia que uma 7 place nos viria buscar as 5.45 mas com o efeito surpresa guineense, ele não apareceu. Dormimos mais um pouco para não irmos para a paragem as escuras e as 6.30 la fomos nos. Já habituadas as confusões la conseguimos uma 7 place, confortável que nos faria chegar as 11. Começamos a trabalhar as 11.15, paramos as 14 para almoçar e esterilizar o material (vaaa e dormir 20 minutos!), e a tarde foi das 16.30 as 19.30. Quando chegamos foi hora de um belo banho (de balde), de um óptimo jantar e de um serão com as 15 crianças que vivem com eles. No Domingo acordar as 8 (uiiii dormi tão bem, há muito tempo que não tinha esse prazer) e recomeçamos o trabalho das 9.30 terminando às 13.30. O saldo desde trabalho foi super positivo: a Nuria consegui ver cerca de 20 doente e eu 35 com a realização de quase 50 extracções!















 

No Domingo, Raquel e Fredy prepararam um mega pic-nic para irmos a Buba, onde tem um braço de mar... Não havia fato de banho mas não fez problema ;)




















Sábado, a ultima doente, tinha um ar muito frágil e não sei porque achei que não a devia tratar, mediu-se a tensão e estava um pouco elevada mais um ponto para não a tratar, estava com tantas dores que acabamos por esperar, a tensão baixou, anestesia sem vasoconstrictor e vamos la tirar dois dentes, correu tudo bem até que no fim a hemorragia não parava de maneira nenhuma, fiquei num stress, mas calmamente fui fazendo tudo o que me ensinaram e a Raquel também estava ao meu lado, achou que não seria nada de mais, e entretanto la começou a formar um coagulo e a hemorragia a diminuir mas confesso que ate ir para a cama o meu pensamento estava naquela pequena senhora. No Domingo foi das primeiras pessoas a aparecer com um grande sorriso e a dar-me um abraço bem apertado seguido de um obrigado sentido!












Na segunda, a Raquel telefonou à Nuria a agradecer e disse que tinham aparecido muitos doentes a agradecer, outros para se “zangarem” de nos só termos ficado dois dias que também precisavam dos nossos serviços! Foi bom ter recebido esse telefonema com o feedback.